MAIS ARMAS, MENOS CRIME? Entendendo o crime e as Leis de Controle de Armas de Fogo
Autor: John R. Lott, Jr.Editora: Makron Books
TÓPICOS:
Introdução - Como testar os efeitos do controle de armas de fogo - Propriedade de armas de fogo, Leis sobre armas de fogo e os dados sobre crimes - Leis sobre armas de fogo de uso discreto e os índices de crimes: A evidência empírica - As vítimas e os benefícios da proteção - O que determina os índices de prisões e a decretação de Leis sobre armas de fogo de uso discreto? - O debate político e acadêmico - Reflexões finais.
INTRODUÇÃO:
Permitir que as pessoas possuam ou portem armas inibe o crime violento? Ou isso faz com que mais cidadãos ocasionem danos uns aos outros?
A maioria de nós recebe imagens de armas de fogo e de seu uso por meio da TV, filmes e jornais.
Embora as notícias ofereçam, às vezes, uma narrativa do uso defensivo de armas de fogo, tais discussões são raras comparadas àquelas que descrevem o crime violento cometido com armas de fogo. Visto que em muitos casos defensivos uma arma de fogo é simplesmente mostrada e ninguém é ferido, muitos usos defensivos não são nem mesmo relatados à polícia.
Philip Van Cleave, um xerife no Texas, escreveu para mim: "Os criminosos temem o cidadão cumpridor da lei e possuidor de uma arma de fogo? você pode apostar que sim. A maioria dos casos de criminosos com medo de um cidadão armado, provavelmente, não é relatado. Mas eu vi um criminoso que ficou tão assustado com uma senhora de 70 anos armada que em seu pânico de fugir virou-se e correu direto para uma parede!" (Ele estava ocupado tentando derrubar a pontapés a porta da casa dela, quando ela abriu a cortina e apontou uma arma para ele.).
Se as pesquisas estiverem corretas, 98% do tempo em que as pessoas utilizam armas defensivamente, elas simplesmente têm de mostrar a arma para cessar um ataque. Tais histórias não são difíceis de encontrar: entregadores de piza se defendem contra ladrões, roubos de carros são impedidos, etc, embora estes não recebam a cobertura nacional de outros crimes com armas de fogo. E também os casos cobertos pela mídia dificilmente são típicos: a maioria dos conflitos relatados envolve um tiroteio que termina em uma fatalidade.
Uma história dramática típica de jornais envolveu uma mulher de Atlanta que evitou um roubo do automóvel e sequestro de sua filha; ela foi forçada a atirar no assaltante.
Embora a mãe tenha salvado a si e ao bebê, com suas ações rápidas, esta foi uma situação de risco que poderia ter terminado de modo diferente. Muito embora não houvesse nenhum policial para defender mãe e filha, defender-se não irá, necessariamente, a única alternativa. Ela poderia ter agido passivamente e o criminoso poderia ter mudado de idéia e simplesmente ter levado a criança, poderia libertá-la mais tarde, sem ferimentos. Na verdade a sabedoria convencional diz que a melhor abordagem é não resistir a um ataque.
De acordo com um recente artigo do "Los Angeles Times", a ""concordância Ativa"é a maneira mais certa de sobreviver a um assalto. As vítimas que se envolvem na resistência ativa (...) têm as melhores chances na guarda de sua propriedade. Infelizmente elas têm muitas chances de serem mortas". Além disso as evidências sugerem que a mulher de Atlanta agiu, provavelmente, da forma mais correta. Embora a resistência seja, geralmente, associada a maiores probabilidades de ferimentos sérios na vítima, nem todos os tipos de resistência são igualmente arriscados. Examinando os dados fornecidos a partir de 1979 até 87... descobriu-se que a probabilidade de ferimentos sérios provenientes de um ataque é 2,5 vezes maior para mulheres que não oferecem nenhuma resistência que para mulheres que resistem com uma arma de fogo.
Contrastando com isso, a probabilidade de mulheres serem feridas seriamente foi quase quatro vezes maior quando resistiram sem uma arma que quando utilizaram uma arma. Em outras palavras, o melhor conselho é resistir com uma arma de fogo, mas se não houver nenhuma arma disponível, é melhor não oferecer nenhuma resistência do que lutar.
O homem também se sai melhor com armas de fogo, mas os benefícios são significativamente menores.
Pequenas histórias sobre criminosos que escolhem as vítimas que eles percebem serem mais fracos são mais típicos.
Criminosos são motivados pela autopreservação, portanto armas de fogo podem ser um meio de intimidação. A natureza potencial defensiva das armas é mais evidenciada por diferentes índices dos chamados "arrombamentos de risco", nos quais um morador está em casa quando um criminoso invade.
No Canadá e no Reino Unido, ambos os países possuindo rígidas leis de controle de armas de fogo, quase metade de todos os arrombamentos a residência são "arrombamentos de risco". Contrastando com isso, os Estados Unidos, com menos restrições, possui um índice de "arrombamentos de risco" de apenas 13%.
Os criminosos não estão apenas comportando-se de modo diferente por acaso. Criminosos americanos condenados mostraram-se, em pesquisa, muito mais preocupados com vítimas armadas do que em fugir da polícia.
Os criminosos comentam frequentemente, nessas entrevistas, que evitam arrombamentos a altas horas da noite porque esta é a "maneira para se levar um tiro".
Para um economista, a noção de intimidação - faz com que os criminosos evitem motoristas de táxi, "rapazes drogados" ou casas onde os moradores possam estar - não é tão surpreendente.
O refreamento importa não apenas para aqueles que assumem ações defensivas. Pessoas que se defendem podem beneficiar indiretamente outros cidadãos. No caso do assassinato (cometido por um cidadão), taxistas e traficantes ou viciados que portam armas produzem um benefício para os taxistas e traficantes ou viciados que não as portam. No exemplo envolvendo "arrombamento de risco", os proprietários que se defendem fazem com que os arrombadores fiquem, geralmente, mais cautelosos quanto a arrombar casas. Esses efeitos transbordantes são frequentemente citados como "efeitos de terceiros" ou "benefícios externos". Em ambos os casos os criminosos não podem saber antecipadamente quem está armado.
... os criminosos nos estados com alto índice de proprietários de armas de fogo eram os mais preocupados em confrontar-se com vítimas armadas.
A questão ainda é reduzida até uma questão empírica: que política salvará o maior número de vidas?
O Debate dos números e o crime:
Infelizmente, o debate sobre o crime envolve muitos "fatos" comumente aceitos que simplesmente não são verdadeiros. Por exemplo, tome a afirmação de que as pessoas são mortas frequentemente, por pessoas conhecidas. Conforme mostrado na Tabela 1.1, de acordo com os Uniform Crime Reports do FBI, 58% dos assassinatos no país foram cometidos por membros da família (18%) ou por aqueles que "conheciam" as vítimas (40%). Embora o relacionamento das vítimas com seus atacantes não pudesse ser determinado em 30% dos casos, 13% de todos os homicídios foram cometidos por pessoas totalmente estranhos.
Certamente, a impressão criada por esses números é de que a maioria das vítimas é morta por conhecidos próximos. Isso está longe de ser verdade. Ao interpretar os números, deve-se entender como são feitas essas classificações. Neste caso, "assassinos que conhecem suas vítimas" é uma categoria muita ampla. Uma enorme parte, mas não claramente determinada dessa categoria, inclui membros de gangues rivais que se conhecem. Em áreas urbanas maiores, onde ocorre a maioria dos homicideos, a maioria dos assassinatos se deve a guerras entre gangues pelo controle do tráfico de drogas.
Poucos assassinos podiam ser classificados como sendo anteriormente cidadãos idôneos. Nos 75 maiores distritos nos Estados Unidos em 1988, mais de 89% dos adultos assassinos possuíam fichas criminais como adultos. Uma mostra de Boston, a única cidade onde foram coletados dados confiáveis, indica que, de 1990 a 1994, 76% das vítimas de assassinato juvenil e 77% dos jovens que mataram outros jovens possuíam processos criminais anteriores.
... os criminosos não são cidadãos típicos. Como é bem conhecido, jovens rapazes, da metade de sua adolescência até a metade dos 30 anos, cometem uma porção desproporcional de crimes, porém até essa categorização pode ser substancialmente estreitada. Sabemos que os criminosos tendem a ser mais "afirmativos, destemidos, agressivos, não convencionais, extrovertidos e baixamente socializados", enquanto os não delinquentes são "autocontrolados, preocupados com seus relacionamentos com os outros, desejosos de serem guiados por padrões sociais e ricos em sentimentos internos como insegurança, desamparo, amor (ou sua ausência) e ansiedade". Outras evidências indicam que os criminosos tendem a ser mais impulsivos e a colocar relativamente pouco peso em acontecimentos futuros. Finalmente, não podemos ignorar o fato infeliz de que o crime (particularmente o crime violento e especialmente o assassinato) é cometido, desproporcionalmente, contra negros por negros.
A mídia também desempenha uma importante função na definição do que percebemos como as maiores ameaças à nossa segurança. Graças ao fato de vivermos em algo como um mercado nacional de notícias sabemos muito rapidamente de tragédias em outras partes do país. Como resultado disso, alguns acontecimentos parecem ser muito mais comuns do que realmente são.
... Por exemplo, as crianças correm um risco muito menor de serem mortas acidentalmente por armas (particularmente por armas leves) que a maioria das pessoas pensa. Considere os números: em 1995, houve um total de 1400 mortes acidentais por armas de fogo em todo o país. Uma pequena quantidade dessas mortes envolveu crianças, sendo: 30 mortes envolvendo crianças até 4 anos de idade e mais de 170 mortes envolvendo crianças de 5 a 14 anos de idade. Em comparação, 2.900 crianças morreram em colisões de automóveis, 950 perderam suas vidas por afogamento e mais de mil foram mortas por incêndio e queimaduras. Mais crianças morreram em acidentes de bicicleta a cada ano que em todos os tipos de acidentes com armas de fogo.
Outro argumento comum em favor do banimento das armas de fogo envolve o número de pessoas mortas em decorrência de armas de fogo a cada ano: ocorreram 17.790 homicídeos e 18.169 suicídeos, só em 1992. Entretanto, só porque uma lei para proibir armas de fogo é aprovada, isso não significa que no mesmo instante o número total de mortes irá reduzir-se.
Tomemos o grande estoque de armas de fogo nos EUA, assim como as dificuldades enfrentadas pelo governo de modo a evitar a entrada no país de outros itens ilegais, como os narcóticos. Não fica claro até que ponto o governo logrará eliminar a maioria das armas de fogo. Isto levanta uma importante questão a respeito de se a lei reduzirá, de início, o número de armas de fogo sob a posse de cidadãos idôneos. De que maneira esta lei alteraria o balanço relativo das forças entre criminosos e cidadãos cumpridores da lei?
Nossas principais questões são as seguintes: permitir que cidadãos portem armas de fogo discretamente significa que os cidadãos também idôneos causariam danos uns aos outros? A ameaça da autodefesa feita por cidadãos munidos de armas de fogo deteria, em primeira instância, os criminosos?
Sem dúvida, ocorrem tanto o uso "bom" quanto "mau" das armas de fogo. A questão na realidade não é se ambos ocorrem, mas sim qual é o mais importante. As armas portadas discretamente, em geral, protegem ou tiram vidas?
Continua...
Cade a continuação?
ResponderExcluirCaro Diogo, assim que me sobrar tempo pretendo concluir a digitação deste e de outros fichamentos.
ExcluirMas aconselho ler o livro na totalidade, é excelente!
Sugestão para leitura: ARTIGO: Segundo Harvard direito da posse de arma reduz criminalidade
ResponderExcluirhttp://wesleymarques1.blogspot.com.br/2016/08/artigo-segundo-harvard-direito-da-posse.html