quarta-feira, 2 de maio de 2012

Disputa entre quadrilhas suscitou guerra entre motoqueiros e militares indonésios

Segundo a Agência EFE, a morte em Jacarta de um jovem soldado durante uma disputa entre quadrilhas de motoqueiros suscitou uma guerra entre militares indonésios e esta tribo urbana, na qual já perderam a vida pelo menos cinco pessoas em menos de um mês.

As corridas de motos ilícitas em Jacarta são um passatempo habitual de muitos jovens entre 14 e 22 anos que durante os fins de semana arriscam suas vidas nas principais avenidas da cidade, entre elas a que abriga o palácio presidencial.

Arifin Sirih, de 25 anos e membro da Força Naval indonésia, morreu no último dia 31 de março por causa dos golpes na cabeça e facadas que recebeu quando tentava apaziguar os ânimos em uma discussão entre gangues de motociclistas e o motorista de um caminhão que obstruía a via pública na qual queriam competir.

A polícia deteve cinco jovens como suspeitos de ter participado do homicídio, mas isso não bastou para evitar que os militares amigos de Arifin decidissem fazer justiça com as próprias mãos e patrulhar as ruas de Jacarta na busca pelos culpados.

Os "justiceiros" têm apenas uma pista: os agressores conduziam motos Kawasaki do modelo Ninja, muito populares no país asiático. O resultado destas batidas, das quais participam centena de homens vestidos com jaquetas de couro, pulseiras amarelas e armados com facões, é uma guerra sem quartel entre gangues e soldados do Exército.

Em um destes confrontos um homem morreu e no dia seguinte quatro adolescentes foram espancados em uma rua do centro da capital, e perante o olhar dos transeuntes, por um grupo formado por 30 pessoas.

Em meados de abril as desordens se estenderam por quase toda Jacarta e desde então, a cada dia ocorre pelo menos um incidente deste tipo e já são cinco os mortos e mais de 200 os feridos.

A Marinha nega que seus militares tenham relação com esta onda de violência, mas dezenas de testemunhas citadas pela imprensa local sustentam exatamente o contrário.

Enquanto isso, a Polícia Nacional se mantém à margem e atribui às Forças Armadas a missão de frear violência que já ameaça a turística Ilha de Bali e até as Célebes. "Há muitas testemunhas que garantem ter visto os militares fazendo justiça com as próprias mãos, mas, apesar disso, é muito provável que a polícia não faça nada para detê-los", disse Iwo, um estudante da Universidade da Indonésia.

Por causa desta onda de violência, as universidades de Jacarta alertam seus alunos do perigo e lhes recomendam adotar precauções como "não circular entre 22h e 4h pelas áreas conflituosas".

A polícia informou à imprensa local que as gangues controlam e usam como circuitos para promover suas corridas pelo menos 80 pontos da cidade de Jacarta, uma metrópole com uma extensão de mais 750 km² e povoada por cerca de nove milhões de pessoas.

O medo que esta guerra causa na população levou o ministro responsável pela segurança, Djoko Suyanto, a ordenar a intervenção da polícia e das Forças Armadas. "Não importa quem sejam os autores, civis ou militares, porque não têm imunidade. Devem ser encontrados, detidos e julgados", disse o ministro à imprensa.
Fonte: Agência EFE