quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Comparativo apresentado no Yahoo: Yamaha XT 660R ou XT 660Z?

O pessoal da WebMotors testou as duas. Veja o que oferecem de melhor na opinião do site.

Texto: André Jordão/Agência InfoMoto

Fotos: Doni Castilho/Agência InfoMoto


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sábado, 26 de novembro de 2011

Transformação de técnico em gestor é grande desafio

Laura Knapp 
Valor Econômico - 25/11/2011

São Paulo - Que a administração pública brasileira precisa ser modernizada, ninguém duvida - os próprios governos já se deram conta disso. Mudanças na economia e na própria sociedade transformaram o sistema que rege o funcionalismo no país, refinado burocraticamente nos últimos 60 ou 70 anos, obsoleto em alguns aspectos. O próprio modo como a carreira de funcionário público funciona mostra isso. Se há exames cada vez mais concorridos para uma vaga vitalícia, o incentivo para se aperfeiçoar na carreira desaparece com o tempo, resultado da própria estabilidade.

Esse é um dos grandes gargalos que as administrações públicas precisam enfrentar: como incentivar seus funcionários e treiná-los para assumir novas funções. E como preparar pessoas treinadas como técnicos a agir como gerentes ou diretores. "Técnicos viraram gestores na prática. Não estavam preparados, não tinham obrigação para isso", diz Paulo Vicente, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC).

"Existem pessoas muito preparadas na área pública quanto ao conhecimento técnico, mas ainda temos um gargalo com relação ao conhecimento gerencial", afirma a consultora Mirza Quintão Utsch, do INDG (Instituto Nacional de Desenvolvimento da Gestão). "Mas esse cenário tem avançado. Percebemos que servidores têm buscado aprimorar a gestão".

Como nem todo técnico domina questões administrativas ou gerenciais, esses cargos são comumente preenchidos por cargos comissionados, trazidos de fora da máquina pública.

Se de um lado isso traz velocidade para resolver questões imediatas de gestão, por outro traz problemas de continuidade, pois os funcionários comissionados são substituídos quando seus chefes saem dos cargos. Mas já existem iniciativas em alguns lugares, principalmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Bahia, onde servidores públicos vêm sendo treinados para assumir posições gerenciais. "Solução existe", afirma Nelson Marconi, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo. O Rio, afirma, está em um grande processo de planejamento da força de trabalho, fazendo um levantamento de todos os órgãos públicos, o que fazem, quem são os funcionários, de que precisam. Minas Gerais deve seguir o mesmo caminho.

Outra questão que os governos precisam enfrentar é como montar um sistema de incentivos para os funcionários. Novamente um dos obstáculos é o volume de recursos necessários para isso, além da legislação. "A formação é custosa, demorada, e às vezes só há resultado efetivo um governo depois", aponta Vicente, da FDC.

São Paulo está entre os Estados citados por consultores como um dos mais avançados nos esforços de modernização de sua máquina pública. Nesse sentido, há vários projetos em andamento para avançar na profissionalização, segundo a secretária estadual de gestão pública, Cibele Franzese. Um deles é a cerificação ocupacional, quando vários profissionais que querem disputar cargos de diretoria passam por uma certificação. A ideia é reduzir a nomeação de pessoas comissionadas. O programa está sendo ampliado e foi implantado em áreas como educação, saúde, diretoria de hospitais, centros médicos e ambulatoriais.

O governo paulista também trabalha na melhoria do desenho das carreiras. O projeto visa esclarecer as oportunidades de promoção e progressão, ligando-as ao mérito e desempenho do funcionário. Para isso, são oferecidos cursos e investimentos em atualização. Na educação, o interesse não é apenas premiar quem estuda para passar nas provas, mas também aqueles professores que aplicam os conhecimentos no dia a dia do ensino.

O governo federal também tem avaliado ações para melhorar o serviço público, diz a secretária de gestão do Ministério do Planejamento, Ana Lúcia Amorim de Brito. Um dos pontos é o bom desempenho dos profissionais, com capacitação das equipes. Como em outras administrações, adota-se a gestão por competência, a avaliação de desempenho, assim como a remuneração, capacitação e o bom ambiente de trabalho.

A reestruturação de áreas críticas no governo federal serão analisadas pela câmara de gestão da Casa Civil. O escritório vai identificar e priorizar questões a serem tratadas, simplificar processos e rotinas. Os estudos de melhoria da organização federal também analisam o arcabouço jurídico. É preciso mais flexibilização para garantir uma maior agilidade, afirma Brito, mas os modelos para tornar isso possível ainda não estão definidos. "A necessidade de melhora, como em todas as áreas, públicas e privadas, é grande e constante", diz. "A melhoria sustentável não muda com ações de impacto, mas com ações bem estruturadas e contínuas".

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Análise marxista da crise do capitalismo: Marx versus Keynes

"Agora somos todos keynesianos", disse Richard Nixon, então presidente republicano dos EUA em 1971. Quarenta anos depois, parece que John Maynard Keynes volta a estar na moda, especialmente entre os líderes do movimento operário britânico. As direções reformistas do Partido Trabalhista e os sindicatos teimam na ideia keynesiana de que a economia só tem de ser "estimulada" para voltar ao crescimento.

Mas tal e como os marxistas já temos explicado antes, a crise econômica atual não é só parte de uma crise cíclica de auge e recessão, mas uma crise orgânica do capitalismo, e o crescimento econômico não pode ser gerado à vontade.

Na conferência do Partido Trabalhista de setembro de 2011, Ed Balls, o responsável de economia no partido, anunciou um novo "plano de cinco pontos para o crescimento", que consiste em:

Um imposto sobre os lucros dos banqueiros.

Fomentar planos de investimento em longo prazo.

Reverter os recentes incrementos no IVA.

Uma redução temporária do IVA sobre as melhorias nas moradas.

Conceder às pequenas empresas que contratem trabalhadores adicionais em um ano de isenção no pagamento da segurança social.

As medidas individuais a respeito de tal ou qual redução de impostos carecem de muita importância. O que deve ser examinado, no entanto, é a constante menção a respeito de impulsionar "políticas de crescimento" - uma linha que aparece constantemente no discurso dos dirigentes do Partido Laborista e dos dirigentes sindicais. O envolvimento de semelhante discurso é que os conservadores e outros governos burgueses seriam então contra o crescimento econômico!

É claro que qualquer economista ou político se mostrará a favor do crescimento econômico, já que a vida é bem mais fácil para a classe dominante enquanto o bolo fica cada vez maior e umas quantas migalhas podem ser lançadas para as massas. O problema é que o crescimento sob o capitalismo não pode simplesmente aparecer como se se tirasse um coelho de uma cartola.

Para estes homens e mulheres ingênuos na direção do movimento operário, a solução à crise econômica é simples: há que "estimular o crescimento". Eles veem a economia como um motor que parou e que só precisa uma faísca para se acender de novo. Mas o crescimento sob o capitalismo não pode ser gerado como se abre e se fecha uma torneira. Para já, se o crescimento pudesse ser criado à vontade, então não existiriam as recessões!

Mostrem o dinheiro!

Keynes é famoso sobretudo por sua defesa da intervenção governamental durante a Grande Depressão da década de 1930, que se refletiu em líderes como Roosevelt nos EUA, quem levou a cabo o "New Deal", em resposta à crise. A ideia era simples: o desemprego era alto, e estava atuando como um lastro para a procura. A "solução" era que o governo injetasse um estímulo em massa na economia mediante o início de grandes infraestrutura e programas de construção, tais como a barragem Hoover. A teoria era que, ao se reduzir o desemprego, os trabalhadores ganhariam salários que poderiam ser gastos com o fim de aumentar a procura. A necessidade de materiais e ferramentas nos programas de obras públicas também ajudou a encher os livros de encomendas de muitas empresas privadas.

A realidade é, no entanto, que o New Deal não resolveu nada. A Grande Depressão prolongou-se até o início da Segunda Guerra Mundial. No entanto, os políticos e os economistas de hoje em dia, mais uma vez, olham para a ideia de um novo New Deal. O único problema é, no entanto, que os governos de todo mundo se ficaram sem dinheiro com que estimular suas economias. Após terem sucessivamente resgatado os bancos, a dívida soberana nos países capitalistas avançados já é demasiada alta como para obterem dinheiro de uns mercados financeiros nervosos.

A intervenção do governo para estimular a economia pode soar como qualquer coisa simples, mas os governos não têm dinheiro próprio para gastar. Afinal, a despesa pública deve ser financiada mediante impostos ou mediante o déficit e o endividamento. No entanto, os mercados de crédito já se mostram preocupados com a capacidade dos governos para pagarem suas dívidas, sendo este o motivo pelo que a austeridade está sendo imposta à população em um país depois de outro. Entretanto, qualquer imposto adicional deve ser obtido dos trabalhadores ou das empresas, mas os impostos adicionais aos trabalhadores atuam como um corte nos salários e portanto cortam a procura, anulando a intenção original de estímulo do governo (ou seja, estimular a procura), enquanto o incremento de impostos às empresas reduzem os lucros, originando uma falta de capital e uma queda do investimento.

Investimento e sobreprodução

Marx explicou que é o investimento na produção por parte dos capitalistas o que constitui a força impulsionadora do capitalismo. A concorrência entre os diferentes capitalistas individuais obriga cada um a investir na produção na procura de maiores lucros. Ao investir em nova maquinaria e processos mais produtivos, um capitalista pode aumentar a produtividade da força de trabalho, e portanto produzir uma massa maior de mercadorias com menos trabalhadores. Isto, a sua vez, lhe permite ao capitalista reduzir seus custos e assim reduzir seus preços por baixo dos oferecidos por seus rivais. Deste modo, um capitalista individual pode ganhar quotas de mercado e obter grandes lucros. Estes lucros são, em sua maior parte, reinvestidos na produção pelos capitalistas, o que aumenta ainda mais a produtividade.

Marx também explicou, no entanto, que existem contradições inerentes a este processo, derivadas do fato de que, por um lado, os trabalhadores só recebem em forma de salários uma fração do valor que produzem, ou seja, a riqueza que eles criam; mas que, por outra parte, estes salários em última instância, constituem o mercado, quer dizer, a procura efetiva para os produtos que estão produzindo. Isto leva a aquilo que Marx chamou uma "crise de sobreprodução", na qual os capitalistas não podem vender seus produtos e conseguir assim seus lucros. Sob o capitalismo, onde os meios de produção são de propriedade privada, a produção se dá com fins de lucro, portanto, quando o lucro não puder ser realizado, a produção será detida, enviando milhões de trabalhadores ao desemprego.

Esta era a situação à qual se enfrentava o mundo durante a Grande Depressão e é a mesma à que a economia mundial se enfrenta agora. Não foi o New Deal ou qualquer outra medida keynesiana o que sacou o mundo da depressão na década de 1930, pois isto foi possível graças à grande destruição de capital durante a Segunda Guerra Mundial e a expansão do mercado mundial após a guerra. Estes fatores, entre muitos outros, são os que abriram o caminho para a "idade dourada" do capitalismo na década de 1950 e 60, quando a economia conseguiu seu crescimento mais rápido até este momento. Ted Grant explicou os fatores que permitiram o boom da posguerra em uma brochura titulada Haverá uma recessão?:

"Quais são as razões básicas que explicam o que aconteceu na economia mundial durante o período posterior à Segunda Guerra Mundial?

1. O fracasso político dos estalinistas e dos social-democratas, na Grã-Bretanha e Europa ocidental, que criou um clima político favorável para a recuperação do capitalismo.

2. Os efeitos da guerra na destruição de bens de consumo e capital criaram um grande mercado (a guerra tem efeitos similares - embora mais profundos -na destruição de capital que uma recessão). Estes efeitos, segundo as estatísticas da ONU, não desapareceram até 1958.

3. O Plano Marshall e outras ajudas econômicas destinadas à recuperação econômica da Europa Ocidental.

4. O enorme aumento do investimento na indústria.

5. O surgimento de novas indústrias: plásticos, alumínio, aeronáutica, eletrônica, energia atômica, químicas, fibras artificiais, borrachas sintéticas, metais ligeiros, eletrodomésticos, gás natural, energia elétrica, atividade da construção...

6. As enormes quantidades de capital fictício, criadas pela despesa em armamentos e que atingiu os 10 por cento do rendimento nacional na Grã-Bretanha e Estados Unidos.

7. Os novos mercados para bens de capital nos países em via de desenvolvimento, proporcionando à burguesia local a oportunidade de desenvolver a indústria em uma escala não vista até então.

8. Todos estes fatores interagiram entre eles. O aumento da procura de matérias-primas, através do desenvolvimento da indústria nos países metropolitanos, por sua vez, influi nos países subdesenvolvidos e vice-versa.

9. O aumento do comércio entre os países capitalistas, especialmente em bens de capital e produtos de engenharia, devido ao aumento do investimento econômico, atuou nesse momento como um estímulo.

10. O papel da intervenção estatal no impulso da atividade econômica.

Todos estes fatores explicam o aumento da produção desde a guerra. Mas o fator decisivo foi o aparecimento de novos setores e ramos da produção onde investir capital, que é o principal motor da atividade econômica"(Ted Grant, Terá uma recessão?, 1960).

De maneira similar, a economia mundial foi capaz de crescer durante os anos 1980 e 90 devido a uma combinação de outros fatores: a expansão do mercado à Rússia, Europa Oriental, e China, a mão de obra mais barata nestes países, que se pôs ao dispor do capitalismo, a maior exploração da classe operária nos países capitalistas avançados após a derrota do movimento operário e o falhanço dos sindicatos, e o uso do crédito para expandir artificialmente o mercado.

Estes períodos de auge refletem-se nas cifras de rentabilidade do mercado de valores, calculados por Crédit Suisse e proporcionados por The Economist em um artigo sobre o rendimento dos ativos (The Economist, 15 de outubro de 2011). Entre 1949-1959, os rendimentos bolsistas reais a nível mundial foram de 562%. Graças ao papel do Plano Marshall e os outros fatores enumerados por Ted Grant citados acima, os dados da Alemanha e Japão durante o mesmo período foram de 4.094% e 1.565%. Os rendimentos bolsistas mundiais foram de 255% em 1980-1989 e 114% em 1990-99. Curiosamente, The Economist não proporciona os dados de 1931-38 nem de 1975-79.

A profundidade da crise

Nada demonstra melhor a profundidade da crise atual que a falta total de investimento dos capitalistas na economia produtiva. No mesmo artigo citado, The Economist destaca que os capitalistas não estão investindo, apesar das margens de lucro que "estão próximos de seu máximo em 50 anos". A razão disto é o excesso de capacidade, isto é a sobreprodução, que já existe dentro do sistema. Por que investir na produção real quando já há muitos mais produtos dos que podem ser vendidos?

Há um monte de dinheiro no mundo, mas acha-se concentrado em relativamente poucas mãos; umas mãos que se mostram renuentes a investir na produção. Como explica The Economist:

"Quase todas as classes de ativos parecem estar cheias de perigos. As ações sofreram dois mercados em baixa em pouco mais de uma década, e seguem sendo vulneráveis à recessão do mundo rico, os bônus do governo oferecem pouca proteção contra o resurgimiento da inflação, os produtos básicos são voláteis e reféns de uma possível queda da procura chinesa, o setor imobiliário segue sofrendo de indigestão após o auge da última década".

Em vez de investir sua riqueza na produção, a burguesia está pondo seu dinheiro na atividade especulativa. Portanto vemos o aumento do preço do ouro e de outros metais preciosos, do franco suíço (levando o governo suíço a intervir ativamente para manter sua moeda baixa) e outras moedas, bem como de produtos tais como os alimentos básicos e o petróleo. Esta especulação, por seu turno, contribui para a inflação.

Em seu desespero, os governos viram-se empurrados para uma política de impressão de dinheiro mediante a "flexibilização quantitativa". Estão jogando dinheiro aos capitalistas, suplicando-lhes que invistam na produção real, criem empregos e façam com que a economia recresça. Os capitalistas, no entanto, não podem ser obrigados a investirem sua riqueza. Sob o capitalismo, o investimento faz-se em base à busca de lucros. Se não existirem perspetivas de os obter, o investimento na produção real detém-se.

A necessidade do socialismo

A senilidade do capitalismo e a natureza orgânica da crise atual - uma crise de sobreprodução - estão adequadamente demonstradas por esta falta de investimento que se observa atualmente na economia. Além disso, pode ser percebida a necessidade objetiva do socialismo, quer dizer, a necessidade de investir as enormes quantidades de riqueza que existem na sociedade, para satisfazer as necessidades das pessoas, não para a obtenção de lucros.

Em lugar de olhar para Keynes e tratar de "estimular o crescimento" da economia, a direção do movimento operário deveria olhar para Marx e tomar o controle das alavancas fundamentais da economia. Concretamente, isto significa a nacionalização dos bancos e dos grandes monopólios - sem um cêntimo de indenização para os capitalistas - e utilizar estes ativos para os investir em aquilo que a sociedade decidir de forma democrática que precisa.

Sob o capitalismo, o potencial produtivo da sociedade encontra-se limitado por duas grandes contradições: a propriedade privada dos meios de produção e o Estado nacional. Sob o socialismo, no entanto, o céu é o único limite.

Fonte: In Defence of Marxism. Tradução do Diário Liberdade a partir de versão no Tribuna Popular, do PC da Venezuela

As Guerras Civis

As “Guerras Civis” representam o processo de transição política pela qual passou a Roma antiga, no último século do regime republicano.

As “Guerras Civis” representam o processo de transição política pela qual passou a Roma antiga, no último século do regime republicano. Nesse período a luta de classe tornou-se mais acirrada e complexa, pois a organização sócio-econômica havia se tornado mais complexa.

As Transformações Estruturais

As conquistas realizadas pelos romanos durante mais de trezentos anos mudou completamente a feição da sociedade e a organização da produção da cidade. A cidade deixou de ser apenas uma cidade para passar a ter o controle sobre vastas extensões de terra, envolvendo praticamente todo o norte da África, a região da Palestina, todo o sul da Europa e a região que corresponde hoje à França.

As guerras responsáveis por essas grandes conquistas também foram responsáveis pela formação do modo de produção escravista, ou seja, pela formação de uma nova camada social - escravos - que torna-se determinante para a produção da riqueza social. O trabalho escravo desenvolveu-se rapidamente, pois havia escravos em abundância e seu preço era baixo, principalmente nas atividades rurais, mas também nas cidades, provocando a marginalização da plebe.

A plebe marginalizada tendeu a migrar em massa para as cidades, especialmente Roma, onde aglomerava-se constituindo uma grande massa pauperizada e que eventualmente se rebelava contra tal situação. A possibilidade de uma revolução plebéia fez com que a elite senatorial passasse a distribuir “pão” e a promover o “circo”, ou seja, garantir o abastecimento mínimo e dar diversão à plebe, com o objetivo de alienar uma parcela dessa camada, evitando uma explosão social.

O desenvolvimento do comércio pelo Mar Mediterrâneo foi responsável pelo enriquecimento dos Homens novos ( também chamados cavaleiros ), formaram uma nova camada social, com interesses peculiares, principalmente por que eram oriundos da plebe e apesar de enriquecidos, continuavam marginalizados politicamente.

Há que se considerar ainda a formação do exército enquanto instituição, comandado por homens de origem patrícia, que aparentemente passaram a viver do próprio exército; porém, apesar das peculiaridades da vida militar, o exército foi responsável pela conquista de terra e de escravos, ou seja, dos elementos produtivos fundamentais para a sociedade romana, preservando a estrutura tradicional de produção, baseada no escravismo.


A Crise

O confronto de interesses envolvendo esses grupos sociais tornou-se muito intenso no último século do período republicano. Até então podemos considerar o Senado como o centro das decisões do Estado romano, apesar das disputas internas, da corrupção e outros problemas.

A crise pode ser percebida a partir do momento em que a vida política passa a ser determinada pela radicalização das propostas sócio-econômicas, na medida em que cada classe ou facção de classe passa a utilizar-se de armas variadas na disputa pelo poder. Nesse período as discussões e votações no Senado passam para um campo secundário, substituídas em importância pelas conspirações, assassinatos, golpes e ditaduras. É exatamente essa situação que passamos a tratar por Guerra Civil, as novas armas na disputa pelo poder mostram a intensidade da disputa política envolvendo interesses distintos.

A Manutenção do Escravismo

Apesar da existência de interesses específicos, a manutenção do trabalho escravo e consequentemente da situação de marginalidade da plebe, eram pressupostos básicos tanto para os tradicionais patrícios, assim como para os homens novos e militares, no entanto interesses específicos em relação à organização econômica e a participação política determinaram as disputas internas a essas camadas elitizadas.

Os patrícios pretendiam manter os privilégios tradicionais, eram os únicos com direitos políticos plenos, e conseguiam dessa forma manter o controle sobre o Estado assegurando a continuidade do escravismo, da estrutura fundiária, e das leis que beneficiavam a agricultura. Dessa maneira utilizaram-se de todos os métodos ilícitos disponíveis para preservar seus privilégios, sendo que os maiores exemplos foram as perseguições aos representantes da plebe, que defendiam a reforma agrária, Tibério Gracco e anos depois Caio Gracco, ambos assassinados junto com seus partidários, fruto das violentas perseguições organizadas pela elite senatorial.

Das leis elaboradas por Caio Gracco e aprovadas, a única que permaneceu foi a Lei Frumentária, segundo a qual o Estado era obrigado a vender trigo à população urbana por preço inferior ao de mercado.

Os homens novos, enriquecidos com o comércio, pretendiam maior participação na vida política romana, como a ocupação de cargos no Senado, com o objetivo de assegurar melhores condições para as práticas comerciais, que na verdade envolviam não só elementos financeiros, mas militares e relacionados a administração das províncias. Apesar de ricos, os mercadores formavam um grupo pequeno e por isso procurou apoiar-se na plebe e nos militares para atingir seus objetivos, apoiaram as reformas de caio Gracco e posteriormente envolveram-se nas disputas militares, sempre procurando enfraquecer o poder da elite patrícia.

Os militares formavam uma categoria especial, não havia nesse grupo um interesse de classe nítido, tanto a facção que procurou defender os elementos tradicionais, como a facção que apoiou o Partido democrático, pretendiam preservar o sistema escravista. As disputas, mesmo intensas, representam apenas interesses localizados e nenhuma delas pretendia transformações estruturais, ou seja, as disputas militares demonstram a importância do exército na organização política, utilizado ou pelos patrícios com o objetivo de manter privilégios ou pelos “democráticos” como forma de conquistarem direitos.

Os Militares no Poder

Tradicionalmente a história atribui grandes feitos à alguns homens, e é assim também com vários generais romanos. Quando a exaltação ocorre no período contemporâneo fica mais fácil detectarmos o velho vício de valorizar os “heróis”, porém, no passado, muitas vezes passa despercebido esse processo uma vez que temos informações limitados sobre o período.

Não é diferente com a história de alguns generais que governaram Roma: Mário, Sila, Júlio César ou mesmo Otávio. Como chegaram e se mantiveram no poder? Por vontade própria? Claro que não... nenhum homem faz nada sozinho. Então por vontade do exército.... eis nosso problema.


Apesar de profissionalizado e importante, não é difícil perceber que na Roma antiga não havia um, mas vários exércitos. Podemos perceber essa situação analisando a luta pelo poder entre Mário e Sila, que na verdade deve ser vista como um confronto entre os grupos populares (ou democráticos) e a elite patrícia tradicional. Como Júlio César chegou ao poder? Sem dúvida o comando do exército e suas vitórias foram muito importantes, porém importantes para aumentar seu prestígio junto às camadas populares, que na verdade apoiaram sua ascensão ao poder. Mesmo que se considere que havia um processo de manipulação das massas romanas, estaremos concluindo que ter os plebeus a seu lado era fundamental para muitos dos generais que chegaram ou ambicionaram o poder.

A formação do segundo triunvirato por Marco Antonio baseou-se no apoio popular, assim como a ascensão de Otávio ( após luta com o mesmo Marco Antonio) pressupôs o apoio da plebe romana, explicando o deslocamento de toneladas de alimentos do Egito para Roma.

Introdução à Mitologia

A palavra mitologia serve para designar o conjunto de mitos e lendas que um povo imaginou e o estudo dos mesmos. Normalmente utiliza-se a palavra para designar a religião dos gregos antigos e também dos romanos.

“No começo era o Caos”


A mitologia grega representa uma das concepções míticas mais geniais que o homem produziu, no sentido de compreender sua origem e seu desenvolvimento. Dessa maneira os gregos organizaram suas concepções religiosas a partir da vida humana, mesclando elementos reais e imaginários com o intuito de estabelecer uma ordem racional para o desenvolvimento do universo e de todos os seus componentes.

Para os gregos, a variedade de formas existentes no universo não poderiam ser concebidas por um único Deus.

“No começo era o Caos”, massa rude, onde as forças latentes teriam o poder de criar e de manter a vida. À essa fonte geradora de vida e energia tudo é possível e foi a partir dela que nasceram os Deuses e a matéria - os planetas e os homens.

Aqui se encontram as raízes do mito, como tentativa de penetrar, pela imaginação, os esconderijos do que não se explica de outra maneira: o mistério da existência.

Ao contrário das concepções religiosas predominantes, os deuses mitológicos se originam de algo anterior, o Caos. Do encontro entre o Céu (Urano) e a Terra (Gaia) nascem as divindades primordiais; da mesma maneira nascem os homens: “Igual é o gênero dos homens ao dos deuses, pois todos tiramos a vida da mesma mãe; apenas, uma força completamente diferente distingue os deuses”. As palavras do poeta Píndaro demonstram uma das características mais marcantes das concepções mitológicas, a estreita relação entre os deuses e os homens.

Divindades Primordiais

A união de Urano e Gaia é responsável inicialmente pela origem dos Titãs e Titânias, forças violentas que povoam o mundo, destacando-se Têmis, a justiça, Tétis, a alma do mar, Oceano, Mnemósine, a memória e Cronos, o tempo.

Os outros filhos de Urano e Gaia são os Cíclopes e os Hecatônquios, criaturas indomáveis, obrigadas pelo pai a viver no interior da terra, sem ver o luz do dia.

A prisão dos filhos assim como a fecundidade contínua imposta por Urano, é rersponsável pelo sofrimento de Gaia, que conspira contra ele. Cronos foi o único filho que aceitou ajudar a mãe a eliminar seu sofrimento. Armado de uma foice, luta contra o pai, domina-o e corta seus testículos, impedindo dessa maneira que continue a fecundar Gaia. O sêmen expelido fecunda a terra e o mar, de onde nasce Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Destronado Urano, o poder agora pertence a Cronos, senhor do tempo, que devora tudo: seres, momentos, destinos. Devora também os próprios filhos. Unido a sua irmã Réia, gera muitos filhos, porém devora a todos, para que não lhe tomem o reino como ele mesmo fez com o pai. Apenas um escapa: ZEUS

A maioria das lendas conta que Réia refugiou-se em uma caverna na Ilha de Creta, onde deu a luz a Zeus, ajudada por Gaia. Ao voltar para casa, enganou Cronos, entregando-lhe uma pedra enrolada em ataduras, que foi devorada pelo deus. Desta forma, Réia salvara o filho, mas selara a profecia: um dia, o último filho de Cronos tomaria em armas e acabaria com o reinado do pai, instalando-se no trono do mundo.

Não demorou muito tempo para que Cronos percebe-se que fora enganado, e saiu a procura do filho. Na Ilha de Creta Zeus permaneceu escondido e foi criado pelas ninfas, alimentado com o mel e leite de cabra, cresceu e fortaleceu-se, preparando-se para cumprir a profecia de Gaia.

Zeus acercou-se do pai e o fez ingerir uma bebida preparada por Métis. Abalado por convulsões, Urano restituiju à vida todos os filhos que havia devorado. Assim Zeus libertou seus irmãos e uniu-se a eles na luta contra o pai; libertou os Cíclopes que passaram a forjar as armas: para Plutão um capacete mágico, para Netuno o tridente e para Zeus o raio. A guerra teria durado dez anos, ao final destronou o pai, venceu os Titãs e os Gigantes e consolidou-se como senhor absoluto do mundo, eliminando as forças tenebrosas e desordenadas, que foram confinadas no inferno. Insatisfeita com a prisão dos Titãs, seus filhos, Gaia incitou os Gigantes a uma luta contra Zeus. Iniciou-se a Gigantomaquia, Guerra de Gigantes, da qual Zeus saiu- vitoriosos e reforçou seu poder.

Zeus subiu ao Olimpo de onde passaria a comandar os homens e os Deuses.

A vitória de Zeus simboliza a vitória da razão e da ordem.

“É ele quem abre aos homens o caminho da razão e ensina-lhes que o verdadeiro conhecimento só é obtido a partir da dor. Mas não assiste impassível aos sofrimentos humanos, compadece-se e até se magoa por eles. Apenas não se deixa levar pelas emoções, pois é a imagem da justiça e da razão”. Por isso será considerado “pai dos Deuses e dos homens”, sendo que o termo “pai” não se refere a uma relação afetiva, mas a relação de poder, de autoridade.

HISTÓRIA ANTIGA - Período Helenístico

Período iniciado com as conquistas macedônicas e marcado pela fusão de elementos culturais gregos e orientais.

PERÍODO HELENÍSTICO

O Período helenístico normalmente é entendido como um momento de transição entre o esplendor da cultura grega e o desenvolvimento da cultura romana. Tal concepção está associada a uma visão eurocêntrica de cultura e portanto torna secundários os elementos de origem oriental, persa e egípcia, apesar de ter esses elementos como formadores da cultura helenística.

Antecedentes

A Grécia viveu seu momento de maior esplendor cultural no século V a.C., particularmente a cidade de Atenas. Foi o Século de Ouro ou Século de Péricles. Época de apogeu da democracia, a cidade combinou guerra e desenvolvimento. Contraditoriamente esse século foi marcado por inúmeras guerras, que viram nascer e ruir o imperialismo de Atenas, Esparta e Tebas sucessivamente, esse último já no século IV a.C.

As constantes guerras que envolveram as cidades gregas foram responsáveis por grande mortalidade, gastos e destruição, enfraquecendo o "mundo grego" e conseqüentemente, facilitando as invasões estrangeiras. A conquista do território grego pelos macedônios combinou a decadência grega e a ascensão do Reino de Felipe II.

A história não dá importância para o Reino da Macedônia. Formado a partir do século VIII a.C. ocupou principalmente as regiões de planícies ao norte da Grécia, vivendo principalmente da agricultura e pastoreio, uma vez que o controle ateniense das regiões costeiras forçou os governantes macedônios a se concentrarem na unificação dos planaltos e planícies da Macedônia, tarefa completada por Amintas III, que reinou de 389 a 369 a.C. os dez anos seguintes foram marcados por crises internas, com a rebelião da nobreza territorial contra o poder central.

Em 359 a.C., Filipe II sucedeu a Perdicas III no trono macedônio. Depois de restabelecer e até ampliar as fronteiras do país, consolidou-as mediante o estabelecimento de colônias e apoderou-se da região mineira de Pangeu, onde conseguiu o ouro necessário para cunhar sua própria moeda. Dessa maneira atraiu a nobreza e ao mesmo tempo organizou uma poderosa estrutura militar, responsável pela conquista dos territórios gregos, com a vitória na Batalha de Queronéia em 338 a.C. Felipe II foi assassinado no ano seguinte e o sucedeu seu filho, Alexandre III. .

Mapa IMP helenístico

Aspectos da cultura helenística

Da enciclopédia Barsa

Alexandria, no Egito, com 500.000 habitantes, tornou-se a metrópole da civilização helenística. Foi um importante centro das artes e das letras, e a própria literatura grega tem uma fase chamada "alexandrina". Lá existiram as mais importantes instituições culturais da civilização helenística: o Museu, espécie de universidade de sábios, dotado de jardim botânico, zoológico e observatório astronômico; e a biblioteca, com 200.000 volumes, salas de copistas e oficinas para preparo do papiro.

Do ponto de vista cultural, o período compreendido entre 280 e 160 a.C. foi excepcional. Tiveram grande desenvolvimento a história, com Políbio; a matemática e a física, com Euclides, Eratóstenes e Arquimedes; a astronomia, com Aristarco, Hiparco, Seleuco e Heráclides; a geografia, com Posidônio; a medicina, com Herófilo e Erasístrato; e a gramática, com Dionísio Trácio. Na literatura, surgiu um poeta extraordinário, Teócrito, cujas poesias idílicas e bucólicas exerceram grande influência. O pensamento filosófico evoluiu para o individualismo moralista de epicuristas e estóicos, e as artes legaram à posteridade algumas das obras-primas da antigüidade, como a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia e o grupo do Laoconte. À medida que o cristianismo avançava, a civilização helenística passou a representar o espírito pagão que resistia à nova religião. O espírito grego não desapareceu com a vitória dos valores cristãos; seria, doze séculos depois, uma das linhas de força do Renascimento.

Fonte: Site HistóriaNet.com.br

Humanidade Combina Guerra e Desenvolvimento

Guerra e Desenvolvimento. Essa aparente contradição foi na verdade, uma constante combinação ao longo da História da humanidade e é percebida ainda hoje. No século 5º. a.C. Atenas viveu essa situação de forma intensa, ao comandar as Guerras Médicas contra o Império Persa, a partir das quais impôs sua hegemonia ao mundo grego, e ao participar da Guerra do Peloponeso, na qual foi derrotada por espartanos e seus aliados. 

Durante o conflito com os Persas, ao comandar a Confederação de Delos, , a economia de Atenas desenvolveu-se intensamente. O tesouro de Delos serviu, na prática, para gerar empregos e incrementar todas as atividades produtivas na cidade. É verdade que a economia ateniense encontrava-se em crescimento antes da guerra, fruto do desenvolvimento mercantil, porém, durante o conflito, todo ateniense trabalhava e recebia uma remuneração, o que dinamizava a economia urbana. 

A hegemonia ateniense sobre a maioria das cidades gregas consolidou sua posição econômica. Essa situação retratava, na verdade, o imperialismo exercido pela cidade, que impunha-se às demais não apenas do ponto de vista econômico, mas militar. 

Este é o “Século de Ouro”, também conhecido como “Século de Péricles”. O principal governante de Atenas nesse período foi o responsável por incentivar o desenvolvimento artístico e intelectual na cidade. A arquitetura foi incrementada; sob patrocínio dos homens ricos desenvolveu-se o teatro, que reafirmou a visão humanista dos atenienses sobre o mundo. A filosofia, apoiada no racionalismo, conheceu significativa expansão, estimulando a reflexão e, ao mesmo tempo, a conscientização sobre a cidadania, sobre o “ser ateniense”.

Enfim, o imperialismo reforçou a cultura da superioridade já existente entre os habitantes da Ática. Situação semelhante encontramos em outros momentos da história e em especial no mundo contemporâneo, em que percebemos a importância da guerra como meio de manter não apenas a hegemonia de uma nação mas os privilégios de um pequeno grupo de indivíduos, que, na maioria dos casos, se julgam superiores em relação a outros povos.

Texto do Professor Claudio Recco publicado na Folha de São Paulo, levanta elementos de comparação ao longo da História da humanidade, envolvendo esses dois aspectos aparentemente contraditórios.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A CONTABILIDADE: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Origem e evolução histórica da contabilidade



A contabilidade, como instrumento de controle, é reconhecida como umas das mais antigas ciências que se tem conhecimento, tendo surgido juntamente com o desenvolvimento social do homem. Desde que o homem começou a acumular ou a produzir riquezas, começou a existir Contabilidade. É de cunho social quanto às suas finalidades, mas como metodologia de mensuração, abarca tanto o social quanto o quantitativo.
              
Desde a época dos faraós no antigo Egito são encontrados registros de contabilidade. Fica fácil entender a necessidade e existência desta “disciplina” se admitirmos que tão importante quanto o “ter” um certo patrimônio é o de saber mensurar e avaliar o mesmo.

Data de 2.000 a.c. registros contábeis na China, orçamentos e auditoria para administrar as atividades governamentais.  No feudalismo pouso se utilizou a contabilidade pela auto-suficiência das unidades feudais e pelo reduzido volume de transações.

Como disciplina, as primeiras teorias contábeis foram escritas pelo Monge Italiano Luca Pacciolo, que em meados do século XV, desenvolveu um grande trabalho que serviu de referencia para futuros estudiosos. Seu trabalho, uma obra publicada em 1494 ( Suma de Aritmética Geometria Proportioni et Proportionalità ) foi o primeiro livro a tratar descritivamente do Método das Partidas Dobradas, principio básico da contabilidade moderna.

A necessidade de se desenvolver a contabilidade como uma ciência, plausível de estudos e teorias se deu principalmente com o desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industriais que ocorreu na Europa. Segundo estudiosos, este ressurgimento se deu principalmente para atender requisitos ambientais que floresceram em tal época, tais como: propriedade privada, moeda, crédito, comercio, noção de capital como fator de produção, etc.

Max Weber estabelece uma relação de causa entre o nascimento do capitalismo e a contabilidade. Segundo ele, tal método serviu como instrumento indispensável para a avaliação do capital, do resultado e da própria empresa no ambiente econômico do século XVIII.

Panorama Atual da Contabilidade

O primeiro choque da contabilidade diante de um cenário diferenciado ocorreu por acaso da Revolução Industrial. Com a produção em escala, surgiu a necessidade de um aprimoramento da contabilidade no sentido de evidenciar melhor a riqueza das empresas, de controlar melhor os estoques e os fatores de produção, de se controlar o pagamento dos salários dos funcionários, de se apurar resultados econômicos e financeiros, etc., e com isso a contabilidade tem um grande salto e desenvolvimento.

Evidentemente, a partir do século XX verifica-se o maior desafio da disciplina em face dos novos cenários, que ainda estamos tentando enfrentar.

Atualmente mais de 20 tipos de especializações ou áreas de atuação contábil são conhecidas, dentre as quais citamos as mais importantes ou divulgadas:


  1. Contabilidade Fiscal
  2. Contabilidade Gerencial
  3. Contabilidade Tributária
  4. Auditoria
  5. Perícia Contábil
  6. Análise de Balanços
  7. Controladoria
  8. Contabilidade Social
  9. Contabilidade Ambiental
  10. Contabilidade de Custos
  11. Contabilidade Orçamentária

Contabilidade no Contexto Empresarial Brasileiro

No Brasil a contabilidade como objeto de estudo surgiu nas décadas de 20 e 30. Data-se de 1924 o primeiro congresso brasileiro de contabilidade que definiu a contabilidade como uma ciência.

Entretanto, significativas mudanças e uma maior importância da informação contábil se deu por conta da Lei 6.404 de 1976 que vinha justamente para adequar a realidade empresarial brasileira frente as leis do mercado de ações. ( lembra-se que nessa década o Brasil foi “invadido” por empresas multinacionais que necessitavam de parâmetros e diretrizes de controle por parte do governo, acionistas e das próprias empresas).

Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas – Noções Básicas

A lei que rege a contabilidade no Brasil é a Lei 6.404 / 76 conhecida como Lei das Sociedades Por Ações ou Lei das Sociedades Anônimas, ou Lei das S.A. Esta lei foi aprovada justamente na década em que as empresas multinacionais, predominantemente sociedades anônimas, procuravam no Brasil a oportunidade de se instalar.

Esta lei procurou suprir as necessidades de regras e diretrizes para se instalar e trabalhar no país. Procurou adequar as legislações tributárias vigentes na época às regras e princípios aceitos em contabilidade.

Esta lei inicialmente constituída para atendera as sociedades anônimas acabou por aumentar sua área de atuação e também é aplicada às demais sociedades (Ltda., ILTDA, S.C., Sociedades em fim lucrativo, etc.).


A CONTABILIDADE E OS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

Importância da Contabilidade

A importância da contabilidade se dá no fato de que toda e qualquer organização, independente de visar lucro, ser uma fundação, uma cooperativa, uma organização não governamental utilizam-se de informações advindas dos controles e interpretações oferecidos pela mesma.

A contabilidade no contexto exposto procura responder três perguntas básicas:

  1. Qual o desempenho da empresa em um dado período?
  2. Qual a situação da empresa neste momento?
  3. Onde estão aplicados os recursos da empresa e onde foram obtidos?

Freqüentemente os responsáveis pela administração estão tomando decisões, quase todas importantes, vitais para o sucesso do negócio. Por isso, há necessidade de dados, de informações corretas, de subsídios que contribuam para uma boa tomada de decisão. Decisões tais como, comprar ou alugar uma máquina, preço de um produto, contrair uma dívida a longo ou curto prazo, quanto de dívida contrairemos, que quantidade de material para estoque deveremos comprar, reduzir custos, produzir mais....

A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, financeiros e patrimoniais, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumariando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisão.

Conceitos, Funções e Objetivos da Contabilidade

A Contabilidade, na qualidade de metodologia universal, ou um sistema de informação especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidades não-lucrativas, empresa, ou mesmo pessoa de Direito Público, tais como: Estado, Município, União, etc., tem um campo de atuação circunscrito às entidades supramencionadas, o que equivale a dizer muito amplo.

Podemos enunciar alguns conceitos, tais como:

“ Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica.” – Conceito oficial formulado no Primeiro Congresso Brasileiro de Contabilistas, realizado no Rio de Janeiro, de 17 a 27 de agosto de 1924.

“ A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.” – Pronunciamento do Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon), aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários através da deliberação CVM nº 29/86.

Nos conceitos acima apresentados, é imprescindível destacar sobre a informação, que deve conter os seguintes aspectos:

  • Utilidade
  • Custo benefício satisfatório
  • Compreensível e de fácil entendimento
  • Atender às necessidades propostas por seus usuários

As informações contábeis podem ser dispostas pela sua natureza da seguinte maneira:

  1. Informações de natureza econômica – são as informações de cunho econômico, como por exemplo, a receita, as despesas o Balanço Patrimonial, o Resultado do Exercício, etc.

  1. Informações de Natureza física – que evidencia os estoques, os inventários e tudo aquilo que pode ser expresso em quantidades unitárias, etc.

  1. Informações de natureza da produtividade – irá mostrar os resultados por unidades, ou seja, o lucro por cliente, a receita per capta, o consumo por cliente, etc.

Tem ainda a contabilidade as seguintes finalidades:

  1. Controle -  O controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a administração se certifica, na medida do possível, de que a organização está agindo de conformidade com os planos e políticas traçados pela administração. Esta, como estamos vendo, é uma conceituação bem ampla de controle, aceita pêlos autores modernos, em contraste com a definição restrita, que resumi o controle a uma função de policial dentro da empresa, única e exclusivamente.
  2. Planejamento - O planejamento por sua vez, é o processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. Normalmente, o processo consiste em considerar vários cursos alternativos de ação e decidir qual o melhor. Planejamento (que deve ser diferenciado de simples Previsão ) pode abranger um segmento da empresa ou a empresa como um todo. A informação contábil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padrões ou “standards” e ao inter-relacionamento do contabilidade com os planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento empresarial. Mesmo em caso de decisões isoladas sobre várias alternativas possíveis, normalmente utiliza-se grande quantidade de informação contábil.
  3. Avaliação - é o processo natural dos registros de informação, pois, toda a contabilidade está norteada por mensuração de valores monetários ( Dinheiro ). Existe alguns itens da contabilidade que podem ser avaliados diferentemente de outros itens da mesma empresa.
  4. Auxílio na tomada de decisão - Com certeza esta é a finalidade maior para a contabilidade, pois como já pudemos observar, os usuários utilizam informações e relatórios extraídos da contabilidade para as devidas tomadas de decisão. Por isso é que cada vez mais os gestores, sócios e acionistas estão dando maior importância a esta área da organização, contratando profissionais de auto nível, com salários elevados, e prêmios que são amarrados principalmente à performance da empresa.
Usuários da informação contábil

USUÁRIOS
TIPO DE INFORMAÇÃO
Pessoa Física
Administrar recursos próprios, contas bancárias, gastos mensais, ganhos mensais, orçamento familiar, investimentos, etc.
Administradores
Saber o desempenho da empresa, margem de lucro, nível dos estoques, custo de um financiamento para a empresa, fazer planejamentos e orçamentos, etc
Acionistas
Avaliar o retorno ou viabilidade de se investir recursos, decidir entre dois ou mais tipos de investimentos ou ações, etc
Instituições Financeiras
Avaliar a capacidade de uma empresa ou pessoa física de saldar os pagamentos nos vencimentos esperados.
Entidades governamentais
Auferir o valor tributável para o recolhimento e recebimento dos tributos.
Empregados em geral, como os assalariados
Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com segurança; liquidez e solvência. Estimar o valor da participação nos lucros da empresa.
Agências Reguladoras (Anatel, CVM, Aneel )
Garantir clareza e confiabilidade quanto a preços de serviços e produtos oferecidos por seus “integrantes”
Concorrentes
Estabelecer comparações para melhor avaliação do próprio negocio.

Demonstrativos Financeiros Obrigatórios

    1. Relatórios da Administração
    2. Balanço Patrimonial
    3. Demonstrativo de Resultado de Exercícios
    4. Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos
    5. Demonstrativo das Mutações do Patrimônio Líquido
    6. Notas Explicativas ‘as Demonstrações Financeiras
    7. Parecer do Conselho Fiscal
    8. Parecer dos Auditores Independentes
Órgãos de Contabilidade No Brasil

No Brasil existem vários órgãos que regulam e atualizam os conceitos, convenções, princípios e padrões de transparência da contabilidade e dos profissionais contábeis. Dentre eles destacamos os principais.

CFC – Conselho Federal de Contabilidade
CRC – Conselhos Regionais de Contabilidade
IBRACON – Instituto Brasileiro de Contabilidade
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
Instituto dos Auditores Independentes

Os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos

  • Postulado da Entidade – Com base neste princípio, a Contabilidade deve tratar a pessoa jurídica da empresa como distinta das pessoas físicas e, ou jurídicas dos proprietários. A Contabilidade, é feita para a entidade e não para seus proprietários.
  • Postulado da Continuidade - A empresa deve ter como premissa básica que irá sobreviver por toda vida ou pelo menos por um espaço de tempo, ou seja ela terá continuidade em suas atividades.
  • Principio da Realização da Receita - Permite este principio o reconhecimento contábil do resultado apenas quando da realização da receita. E ocorre a realização da receita quando da transferência do bem ou serviço para terceiros. Com isso, a contabilidade de custos também não pode apurar o resultado antes desse instante, e no máximo pode servir como ferramenta para apuração de redito.
  • Principio da Competência e da Confrontação das Receitas com as Despesas – Após o conhecimento das receitas, imediatamente dá-se a confrontação destas com as Despesas correspondentes. Despesas estas que deduzidas daquelas, evidenciarão o resultado esperado em Custos de produção.
  • Custo Histórico como Base de valor – De acordo com este principio contábil os ativos devem ser registrados pelo seu valor original de compra, ou seja, histórico. Quando há inflação, este principio deixa a desejar.
Todos os custos adicionais devem ser incorporados ao preço dos ativos. Ou seja, o valor dos estoques devem expressar o valor da mercadoria mais todos os outros gastos como, por exemplo, gastos com transporte, tributos pagos, desembaraço aduaneiro, etc.

  • Consistência – Quando existem diversas alternativas para o registro contábil de um mesmo evento, todas válidas dentro dos princípios geralmente aceitos, deve a empresa adotar uma delas de forma consistente. Isso significa que a alternativa adotada deve ser utilizada sempre, não podendo a entidade mudar o critério em cada exercício, sem ao mínimo reportar o fato e expressar o valor da diferença apurada em função da mudança de critério de avaliação.
  • Conservadorismo – obriga a adoção de um espírito de precaução por parte do contador. Quando este entre duas opções deve escolher aquela em que haja um maior precaução a fim de evitar imprevistos ou uma super-avaliação indevida da empresa ou situação.
  • Materialidade – Esta regra diz respeito ao fato de que deve haver uma relação equivalente de custo beneficio entre as informações fornecidas. Ou seja, o esforço da empresa deve ser sempre maior quando há uma maior necessidade ou utilidade. Neste caso, deve se então ser mais rigoroso apenas com aqueles itens cujo valor monetário seja relevante.
Objeto de Estudo da Contabilidade

O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio da entidade, seja ela pessoa física ou Jurídica. O patrimônio deve representar todos os ganhos e perdas ocorridas em um determinado momento, assim como o investimento efetuado na organização, seja ele através de espécie ou não.

O patrimônio pode ser compreendido basicamente em: Bens e Direitos (Ativo) e Obrigações (Passivo) e o Patrimônio Líquido.

Bens – Qualquer coisa que possa satisfazer uma necessidade humana e seja suscetível de avaliação econômica.

Classificação Contábil :
Tangíveis : tem corpo físico (mesa, cadeira)
                                   Intangíveis : Incorpóreos (marcas de indústria e comércio, patentes, etc.)
Classificação sob a ótica do Direito
                                  Imóveis : Vinculados ao solo, não podem ser removidos.  (Casas, edifícios)
            Móveis :  Podem ser removidos. (animais, equipamentos)

Direitos – Os direitos são representados por contas a receber, duplicadas a receber, títulos a receber, ações, depósitos em contas bancárias (direito de saque), títulos de crédito etc...Direitos são bens de propriedade da empresa que se encontram em poder de terceiros, cuja posse pode ser reivindicada em determinada data.

Obrigações – As obrigações são as dívidas que a empresa tem com outra organização ou pessoa física, e podem ser representadas pelas contas a pagar,  fornecedores, de matéria-prima, impostos a pagar, financiamentos, empréstimos etc. São os bens que se encontram de posse da empresa, cujo domínio é exercido por terceiros. Existe a obrigação de devolvê-los em determinada data.

Exercícios Propostos (devem ser respondidos sem copiar da apostila, visam medir sua absorção da disciplina e com isso formar opiniões gerais)

  1. O que significa contabilidade para você?
  2. Quem são os usuários das informações contábeis e o que eles procuram?
  3. Qual a importância dos demonstrativos financeiros?
  4. Qual o objetivo principal dos princípios contábeis?
  5. Qual o objeto de estudo da contabilidade? De que ele é composto?
  6. Qual a finalidade contábil que mais lhe chamou a atenção? Por quê?
  7. Qual a diferença entre posse e propriedade?
O PATRIMÔNIO DAS ENTIDADES – BALANÇO PATRIMONIAL -BP

Conceitos básicos

O Balanço Patrimonial é uma das mais importantes demonstrações contábeis, através da qual podemos apurar a situação patrimonial-financeira de uma entidade em determinado momento. Nesta demonstração estão claramente evidenciados o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido da entidade.

O balanço patrimonial  é constituído de duas colunas: a coluna do lado direito, denominada Passivo e Patrimônio Líquido; a coluna do lado esquerdo, denominada Ativo. A razão de se atribuir o lado esquerdo para o Ativo e o lado direito para o Passivo e Patrimônio Líquido é mera convenção.

Estrutura do Balanço Patrimonial
Ativo
    1. Circulante
    2. Realizável a Longo Prazo
    3. Permanente
a)      Investimentos
b)      Imobilizado
c)      Diferido
Passivo
    1. Circulante
    2. Exigível a Longo Prazo
    3. Resultado de Exercícios Futuros
Patrimônio Liquido

Ativo

O Ativo compreende os bens e os direitos da entidade expressos em moeda, que possuam capacidade de geração de benefícios presentes e ou futuros, os quais configuram-se do lado esquerdo do Balanço Patrimonial. O ativo representa benefícios presentes ou futuros para a empresa e tem o seu saldo de natureza DEVEDORA.

A empresa poderá relatar como ativo somente aquilo que for de sua propriedade. Os empregados por exemplo, não são propriedades da empresa; portanto, não serão evidenciados no ativo (na época da escravidão os escravos constavam do ativo, pois eram propriedade da empresa.) Vale lembrar o atletas como jogadores de futebol que podem ser avaliados, pois tem seu valor estipulado pelo valor de seu passe.

É fundamental, neste momento, lembrar que o bem de propriedade da empresa é aquele sobre o qual ela tem domínio. Quando o bem está em nosso poder, dizemos que temos a posse sobre ele. Nem toda posse, entretanto, significa propriedade: podemos alugar um veículo e ter a posse sobre ele, muito embora não tenhamos a propriedade (domínio ). Portanto, este veículo não é ativo para a empresa.

Passivo

O passivo evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros e são apresentados do lado direito do Balanço Patrimonial.

O passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida vencer, será exigida (reclamada) a liquidação da mesma, por isso é mais adequado denominá-lo Passivo Exigível e tem seu saldo de natureza CREDORA.

Patrimônio Líquido

Evidência os recursos dos proprietários  aplicados no empreendimento. A aplicação inicial dos proprietários (a primeira aplicação) denomina-se contabilmente de capital. Tem seu saldo de natureza CREDORA.

Se houve outras aplicações por parte dos proprietários (acionistas –S/A ou sócios-Ltda), teremos acréscimo de capital.

O Patrimônio Líquido ou simplesmente (PL) geralmente se movimenta através  de Investimentos ou Lucros / Prejuízos.

Os investimentos efetuados pelos proprietários em troca de ações, quotas ou outras participações. Os lucros efetuados através do resultado das transações da empresa.

O patrimônio líquido também é configurado no lado direito do Balanço, desta forma poderemos evidenciar a seguinte formula:

A equação patrimonial (B+D-O = PL)

ATIVO =  PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Representação gráfica do patrimônio

Demonstração da Estrutura simplificada do Balanço Patrimonial

ATIVO
PASSIVO
PATRIMONIO LIQUIDO

Sistema de informações contábeis: O Plano de Contas

Entende-se por sistema de informação um conjunto articulado de dados, técnica de acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite:

a)      Tratar as informações com o máximo possível de relevância e o mínimo de custos;
b) Dar condições para através da utilização de informações primárias constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivantes da própria contabilidade e/ou outras disciplinas específicas em oportunidades definidas ou não.

Um sistema de informações deve ser desenvolvido a abranger 4 componentes principais:

1.      Manual de diretrizes contábeis aprovado pela alta administração;
2.  Modelos de demonstrações contábeis padronizadas de uso mensal e anual e compatível com o sistema orçamentário;
3.   Plano de contas comentado contemplando cada cont, seu funcionamento, documentos de origem, conciliação, registros de operações típicas, alem da nomenclatura, codificação e outros.
4.  Sistema contábil e de processamento de dados compatível com todo o conjunto e com os subsistemas desenvolvidos e adaptados para a geração dos dados dentro desta estrutura.

Agrupamentos Patrimoniais

Os três agrupamentos patrimoniais são: Ativo, Passivo e o Patrimônio Líquido.

Do lado do Ativo estão as aplicações de recursos que podem estar distribuídas em 3 sub-grupos para efeito de classificação: ativo circulante, ativo realizável a longo prazo e ativo permanente.

Ativo Circulante – inclui ativos (bens e direitos) usados nas operações diárias da empresa que esperam ser convertidos em caixa ou vendidos ou consumidos no período de um ano ou durante o ciclo operacional normal do negocio, se este for superior a um ano.

Ativo Realizável a Longo Prazo – são os ativos não correntes, ou seja, cujo consumo ou conversão em caixa não ocorrerá antes de um ano em prazo superior ao ciclo operacional da empresa.

Ativo Permanente – são os ativos de menor liquidez, aplicados em caráter permanente e divide-se em:
· Investimentos – investimentos efetuados em ativos de caráter permanente, que pretende se manter por longo tempo.
· Imobilizado – são os ativos tangíveis da empresa usados em suas operações.
· Diferido – consiste nas despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social da empresa.

Da mesma maneira, no Passivo, o lado das origens de recursos de terceiros, existem 3 sub-grupos, listados a seguir:

Passivo Circulante – são obrigações que a empresa espera cumprir dentro do ano contábil ou do ciclo operacional normal do negocio.

Passivo Exigível a Longo Prazo – são as obrigações que a empresa espera cumpri após o ano fiscal.
Resultado de Exercícios Futuros – são as receitas recebidas de terceiros que não são passiveis de devolução pela empresa. tais receitas devem ser deduzidas das respectivas despesas correspondentes.

O Plano de Contas (não disponível)

Situações Patrimoniais

Como vimos anteriormente, o Patrimônio Líquido (PL) é a diferença algébrica entre o Ativo (A) e o Passivo (P). Com base na equação do balanço A – P = PL, pode-se, então, concluir que em dado momento o patrimônio assume, invariavelmente, um dos cinco seguintes estados a saber.

1º) quando A > P – teremos PL > 0
            essa situação revela existência de riqueza própria;
            A = P + PL

2º) quando P = 0
essa situação revela inexistência de dívidas ( Passivo ), logo, propriedade plena de ativo;
            A = PL

3º) quando PL = 0
revela inexistência de riqueza própria, como, por exemplo, acontece com o indivíduo que possui bens à sua disposição mas os deve pagar totalmente;
A = P

4º) quando P > A , teremos PL < 0
            revelando uma má situação,existência de Passivo a Descoberto
            A + PL = P

5º) quando  A = 0
            revela inexistência de ativos , apenas dívidas
            PL = P

Conta e  Natureza das Contas

O balanço patrimonial tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data, representando, portanto uma posição estática.

Conforme artigo 178 da lei número 6.404/76, “no balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.”

Portanto é importante que as contas sejam classificadas no balanço de forma ordenada e uniforme para permitir aos usuários uma adequada análise e interpretação da situação patrimonial e financeira.

Visando atender a esse objetivo, a lei nr 6.404/76, através dos artigos 178 e 179, definiu como deve ser a disposição de tais contas.

Devemos entender o que é uma conta ? pois bem, a conta é utilizada para representar a característica dos bens, direitos ou obrigações.

Utilizam-se contas separadas para representar cada tipo de elemento do Ativo do Passivo e do Patrimônio Líquido.

Cada uma dessas contas será distinguida das demais pela sua denominação.
Por exemplo: o dinheiro em mãos será representado pela conta CAIXA.

Podemos, também, e é o que ocorre na prática, representar diversos elementos de características semelhantes em uma mesma conta, a qual receberá o nome que melhor represente os elementos agrupados.

A elaboração de um bom plano de contas é fundamental no sentido de utilizar todo o potencial da Contabilidade em seu valor informativo para os inúmeros usuários.

Assim, ao preparar-se um projeto para desenvolver um Plano de Contas, a empresa deve ter em mente as várias possibilidades de relatórios gerenciais e, dessa maneira, prever as contas de acordo com os diversos relatórios a serem produzidos.

Se antigamente isso era de grande importância, atualmente, com os recursos de informática e de tecnologia, passou a ser essencial, pois esses relatórios propiciarão uma tomada de decisão mais ágil e eficaz por parte dos usuários.

Exemplo de Contas:

O conjunto formado por cadeiras, mesas, máquinas de escrever, computador, poderia ser registrado em uma única conta, que teria por nome Móveis e Utensílios.

O conjunto de pequenas despesas, sem necessidade de discriminação, receberia o nome de Despesas Diversas.

Os valores a receber de diversos clientes poderia chamar-se de Contas a Receber

Na prática aconselha-se a numeração ou codificação de contas, de forma racional e bem planificada.

Método das Partidas Dobradas – não existe débito sem credito correspondente de igual valor.

Exercícios Propostos

  1. Qual a necessidade ou razão para se separar o Balanço Patrimonial em grupos ?
  2. Como um empresário pode utilizar a informação contábil ?
  3. Qual o propósito da auditoria ?
  4. O que o Balanço Patrimonial mostra ?
  5. Porque a equação patrimonial é importante ?
Origens e Aplicações de Recursos

Recursos: São investimentos colocados no ativo da empresa. Podem ser próprios ou de terceiros.

Podem ser de duas origens:

Próprios: Quando os proprietários colocam bens ou valores a receber no Ativo (Patrimônio Líquido).

Terceiros: Quando os recursos são conseguidos junto a terceiros (Pessoas Físicas ou Jurídicas), normalmente referente a compra de bens ou serviços ou então de empréstimos (Passivo).

Aplicações: Os recursos são sempre aplicados no Ativo, de modo que em qualquer momento:

As Fontes do Patrimônio Líquido

1º) Investimentos: Quando efetuados pelos proprietários, em troca de quotas, ações ou participações societárias.

2º) Lucros Retidos: Quando houver lucro e o valor não for distribuído.

As Várias Conceituações do Capital

            De forma geral, o termo Capital significa recursos. Capital Próprio, portanto indica recursos (financeiros ou materiais) dos proprietários (sócios ou acionistas), aplicados na empresa.

Capital Nominal: É o investimento inicial dos proprietários, podendo ser aumentado com novos investimentos, conforme o Estatuto ou Contrato Social.

Capital Próprio: São os recursos próprios, dos proprietários, investidos na empresa. Referem-se ao investimento inicial e seus aumentos, e também aos lucros retidos na própria empresa.

Capital de Terceiros: São os recursos conseguidos junto a terceiros, é o passivo das empresas.

Capital Subscrito: No caso dos sócios (ou acionistas) se comprometerem a investir certa quantia na empresa, esse capital será denominado subscrito (assinado ou comprometido). Ao cumprirem o contrato firmado, fornecendo bens ou valores a receber à empresa, os proprietários integralizam os Capital (Integralização de Capital).

Capital a Integralizar: É a parcela do Capital comprometido (subscrito) e ainda não realizada.

Capital à Disposição da Empresa: É o somatório: Capital Próprio + Capital de Terceiros. Corresponde ao total dos recursos aplicados.

As variações do Patrimônio Líquido

Os fatos que podem alterar o Patrimônio Líquido são:

Investimento inicial de capital e seus aumentos posteriores ou desinvestimentos feitos na entidade;

O resultado obtido do confronto entre contas de receitas e despesas dentro do período contábil.

Para entendermos melhor, vamos especificar o que vem a ser Receita e Despesa.

Receita - A Receita corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou prestações de serviços. Ela aparece (é refletida) no Balanço através de entrada de dinheiro no Caixa (Receita a Vista) ou entrada em forma de Direitos a Receber (Receita a Prazo) – Duplicatas a Receber.

A Receita sempre aumenta o Ativo, embora nem todo aumento de Ativo signifique receita (Empréstimos Bancários, Financiamentos etc. aumentam o Caixa-Ativo da empresa e não são Receitas).

Todas as vezes que entra dinheiro no Caixa através de Receita a vista, recebimentos etc., denominamos esta entrada de Encaixe.

Despesa - A Despesa é todo o sacrifício da empresa para obter Receita. Ela é refletida, no Balanço, através de uma redução de um bem ou direito, Ativo, ou através de um aumento de uma dívida, Passiva.

Todo dinheiro que sai do Caixa pelo pagamento de uma Despesa, ou por outra aplicação qualquer, denomina-se Desembolso ou Desencaixe.

No final do Exercício Social a Contabilidade confronta Receita X Despesa para apurar o resultado do período (lucro ou prejuízo).

O resultado acresce (no caso de lucro) ou reduz (no caso de prejuízo) o Patrimônio Líquido.

Regimes Contábeis

A lei das Sociedades Por Ações estabelece que a escrituração da empresa será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta lei (das Sociedades por Ações) e os Princípios Fundamentais de Contabilidade, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mudanças do Patrimônio segundo o Regime de Competência.

Regime de Competência de Exercícios: A Contabilidade considera como Receitas de um exercício aquelas ganhas nesse período, (não importando se tenham sido recebidas dentro do exercício) e as despesas de um período são aquelas incorridas nesse período (não importando se forem pagas dentro do período).

Regime de Caixa: Onde são consideradas como receitas e despesas do exercício aquelas efetivamente recebidas e pagas dentro desse período.

No Regime de Competência, atenção especial deve ser dada ao reconhecimento do “Fato Gerador” 

Fato Gerador é quando ocorre um fato ou uma situação, onde pode haver o desembolso de caixa, mas ainda não devemos reconhecer a Despesa ou ainda receber o dinheiro e não reconhecer a Receita, exemplo:

Fato Gerador no Regime de Competência

Digamos que pagamos o aluguel, 6 meses adiantado perfazendo um total de $600,00, $100,00 por cada mês, neste caso, no regime de competência não devemos reconhecer o aluguel como despesa, pois o fato gerador que é o tempo de utilização do imóvel ainda não ocorreu.

Neste caso devemos reconhecer as despesas mensalmente, após a ocorrência do tempo que é o fato gerador neste exemplo. Quando vencer o primeiro mês de aluguel que já foi pago, ai sim iremos reconhecer a despesa de $100,00, referente ao primeiro mês de aluguel.

FONTE: Apostila de Contabilidade Geral
AUTOR: Professor Flávio Del'Nero
CURSO SUPERIOR EM SEGURANÇA PÚBLICA E EMPRESARIAL
Centro Universitário do Triângulo - UNITRI