sexta-feira, 20 de abril de 2012

Anthony Giddens

O sociólogo britânico Anthony Giddens, nasceu em 18 de janeiro de 1938, em Londres, ele é considerado por muitos como o mais importante filósofo social inglês contemporâneo, um dos precursores do novo trabalhismo britânico e teórico da Terceira Via, que nada mais é do que uma corrente da ideologia social-democrata em voga a partir da década de 1990, que tenta reconciliar a direita e a esquerda, através de uma política econômica conservadora e de uma política social progressista. À primeira vista, parece ser uma corrente que apresenta uma conciliação entre capitalismo de livre mercado e socialismo democrático. Entretanto, os defensores da Terceira Via veem-na como algo além do capitalismo de livre mercado e do socialismo democrático. Este pensamento defende um "Estado necessário", em que sua interferência não seja, nem máxima, como no socialismo, nem mínima, como no liberalismo.

Também defende, entre outros pontos, a responsabilidade fiscal dos governantes, o combate à miséria, uma carga tributária proporcional à renda, com o Estado sendo o responsável pela segurança, saúde, educação e a previdência. A Terceira Via tem sua origem no governo trabalhista que emergiu na Austrália no final da década de 1980, e ganhou popularidade durante o governo de Bill Clinton nos Estados Unidos, sendo também defendido pela mulher dele, Hillary, durante a campanha presidencial de 2008. Recentemente, durante sua visita ao Brasil, Hillary, participou da abertura da primeira conferência anual de alto nível da parceria de Governo Aberto, que é um projeto que foi lançado no ano passado nos Estados Unidos, como um esforço conjunto entre os países na luta contra a corrupção e a promoção da gestão pública com transparência. O primeiro-ministro britânico Tony Blair e sua facção dentro do Partido Trabalhista, o New Labour, foram os defensores mais entusiastas da corrente. 

Do ponto de vista acadêmico, o interesse de Giddens centra-se em reformular a teoria social e reexaminar a compreensão do desenvolvimento e da modernidade. 

As suas ideias tiveram uma enorme influência quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo. A sua obra abarca diversas temáticas, entre as quais a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade. 

Foi um dos primeiros autores a trabalhar o conceito de globalização e, mais recentemente tem estado na vanguarda do desenvolvimento de ideias políticas de centro-esquerda, tendo ajudado a popularizar a ideia de Terceira via, com que pretende contribuir para a renovação da social-democracia. 

Ele também foi Diretor da Escola de Ciência Econômica e Política de (LSE) entre 1997 e 2003. Anteriormente foi professor de Sociologia em Cambridge e, foi co-fundador, em 1985, de uma editora de livros científicos, a Polity Press e trabalhou como assessor do ex-Primeiro-ministro britânico Tony Blair. 

Conceito De Classe E Estratificação Social 

Os conceitos de estratificação social e classe social são muito usados por Giddens para descrever as desigualdades sociais existentes na sociedade, tanto entre indivíduos, como entre grupos. Normalmente esse conceito é relacionado à questão da distribuição da riqueza ou da propriedade privada, mas também é utilizado para quantificar e identificar grupos religiosos, patentes militares, atributos de gênero, entre outros. 

Para Giddens(2005) é no capitalismo que o mercado surge como o mecanismo básico das desigualdades. Já que a sociedade é composta por indivíduos e grupos sociais distintos e com oportunidades distintas, o acesso a riqueza, ao lazer, ao estudo dentre outros, depende da posição que ocupa no esquema de estratificação da sociedade. 

Giddens faz observações sobre a teoria de Marx e também de Weber, na qual a teoria de Marx sobre estratificação e classes, se dá na união de pessoas e grupos com os mesmos interesses frente aos meios de produção. Enquanto na teoria de Weber é feito um aprofundamento das idéias de Marx, de maneira que as relações que definem a estratificação da sociedade em classes incluem status e partido. Para Weber, nem sempre a propriedade é o foco das disputas pois a posição dos indivíduos na sociedade, definem seus interesses. 

Segundo Giddens, para Marx, a análise de classe social, as estruturas de classe e as mudanças nessas estruturas são fundamentais para a compreensão do capitalismo e outros sistemas sociais ou modos de produção. Muitos dos escritos de Marx dizem respeito às estruturas de classe do capitalismo, a relação entre as classes a dinâmica da luta de classes, o poder político e classes, bem como o desenvolvimento de uma sociedade sem classes. 

As principais classes no capitalismo são a burguesia e o proletariado. No entanto, outras classes, tais como proprietários, pequenos burgueses, camponeses e lumpemproletariado também existem, mas não são considerados relevantes em termos da dinâmica do capitalismo. 

Para Giddens os sistemas básicos de estratificação social seriam a escravatura, as castas, os estados e as classes, assim ele apresenta alguns conceitos: 

a) A escravatura teria uma sociedade onde homens possuem outros homens como escravos, considerados e tratados como propriedade privada; 

b) No sistema de castas, teríamos situações de desigualdade devido às crenças religiosas que indicam a posição social do indivíduo na sociedade e os contatos sociais que o indivíduo pode exercer; 

c) No Estado Feudal ter-se-ia subdivisões, com aristocracia, nobreza, clero e os servos, mercadores e artesãos; e, 

d) As classes seriam “um grupo grande de pessoas que partilham recursos econômicos comuns, que influenciam fortemente o seu estilo de vida, onde a riqueza e a ocupação profissional constituem as principais bases das diferenças entre as classes”. 

Assim, Giddens define estratificação social como um sistema de desigualdades estruturadas entre diferentes agrupamentos de pessoas. 

Para ele o conceito de classes ainda está longe de ser definido e cada corrente ideológica possui suas próprias definições. Para ele, muitos cientistas sociais tem uma visão marxista de que a classe vem a ser um grupo de pessoas com posições comuns frente aos meios de produção pelos quais conseguem seu sustento. Já outros, aprofundam os estudos de Weber que aponta para os aspectos de status e partido, onde as posições individuais na sociedade é que definem os interesses e nem sempre a propriedade será o foco das disputas. 

SOBRE AS TEORIAS DE CLASSE E ESTRATIFICAÇÃO 

As primeiras idéias desenvolvidas sobre como as sociedades se organizavam, remontam ao final do século XIX e ao início do século XX. Karl Marx e Max Weber, formaram a base para a maioria das teorias sociológicas de classe e estratificação. 

Karl Marx (1818-1883) testemunhou o crescimento das fábricas e da produção industrial, bem como as desigualdades que resultaram da exploração do trabalho nessa época. 

Segundo Giddens, para Marx, classe seria um grupo de pessoas que se encontram em uma relação comum com os meios de produção - os meios pelos quais elas extraem o seu sustento. Onde, antes do avanço da indústria moderna, os meios de produção consistiam primeiramente na terra e nos instrumentos utilizados para cuidar das colheitas ou dos animais no campo. Logo, nas sociedades pré-industriais, as duas classes principais eram aquelas que possuíam a terra (os aristocratas, a pequena nobreza ou os donos de escravos) e aqueles que se envolviam ativamente na produção a partir da terra (os servos, os escravos e os camponeses livres). Nas sociedades industriais modernas, as fábricas, os escritórios, o maquinário e a riqueza, ou o capital necessário para comprá-las, tornaram-se mais importantes. As duas classes principais são formadas por aqueles que possuem esses novos meios de produção - os industrialistas ou capitalistas - e aqueles que ganham a vida vendendo seu trabalho para eles – que seria a classe operária, ou, no termo hoje em dia um tanto arcaico mas preferido por Marx, O 'proletariado'." (GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 235). 

Assim, a análise desenvolvida no pensamento de Marx é histórica, levando sempre em consideração o tipo de produção social de uma sociedade, historicamente determinada, tal como na sociedade pré-industrial, onde a produção dos bens econômicos ocorria sempre a partir da terra e das relações de posse, uso e trabalho da terra. Já na sociedade capitalista, os meios de produção se diversificam e novas relações de trabalho surgem em função disso. De maneira que a estrutura de classes seria um fenômeno histórico-social surgindo somente no tipo de produção social do capitalismo moderno e os elementos que definiriam as classes sociais seriam as relações comuns com os meios de produção, que levavam essas pessoas a se encontrarem em idênticas condições de vida, interesses, problemas e costumes. 

Para concluir a discussão sobre a teoria de Marx, encontrei em minha pesquisa uma outra questão, que é: onde ficariam as classes médias e também a camada mais pobre da população, os mendigos, andarilhos, bandidos, etc? 

Já que para Marx, no processo de desenvolvimento do capitalismo, haveria uma tendência à concentração do capital e da propriedade da terra e assim à formação das duas classes fundamentais onde a sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes opostas: a burguesia e os trabalhadores assalariados. Mas e onde estariam os outros setores sociais, que seriam "As classes médias - 'classes residuais', 'pequena burguesia', 'classes de transição', 'classe dos pequenos proletários autônomos' – essas estariam entre as classes fundamentais: entre a classe dominante e a proletária.” Ainda, a camada da população composta por desempregados, mendigos, bandidos, também é claramente menosprezada, pois para Marx a “revolução” é apenas dos trabalhadores. Para ele, essa camada é o lumpen proletariado e tendem a ser levados de acordo com quem oferecer melhores condições naquele momento. A classe média não é revolucionária, é conservadora e até reacionária, desejando apenas se manter ou voltar no tempo.

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